A última semana deixou o gosto amargo da derrota para o empresário brasileiro Abilio Diniz, que liderou a tentativa de fusão entre o Grupo Pão de Açúcar e o Carrefour. Em menos de dois dias, o “Carrepão” – com seu futuro status de terceira maior empresa privada do país – foi definitivamente cancelado.
Dois movimentos quase simultâneos decretaram o fim do gigante nacional do varejo. A derrota começou na França, quando o conselho do Grupo Casino, considerou o negócio “equivocado” e “contrário ao interesse dos acionistas”. A negativa francesa teve como consequência a retirada do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que declarou que só se teria interesse pelo negócio se houvesse um pleno acordo entre os sócios de ambos os países. Outro fator agravante foi a forte reação contrária da opinião pública ao envolvimento do banco estatal na fusão.
Erros de cálculo estratégico e político, tanto de Diniz quanto do BNDES, subestimaram a capacidade de reação do rival, o francês Jean-Charles Naouri, dono do grupo Casino. Ao saber da possível fusão, o empresário comprou ações do Pão de Açúcar para aumentar seu poder dentro da companhia e realizou uma eficaz ofensiva junto aos meios de comunicação.
Com o Grupo Pão de Açúcar fora de qualquer tentativa de fusão, o Carrefour inicia uma batalha com o Wallmart pelo domínio do varejo brasileiro. Para a companhia americana, que tenta crescer no Brasil, comprar a rede francesa seria uma grande oportunidade de deslanchar suas operações. E para parte dos sócios do Carrefour, vender suas participações seria também uma boa alternativa, uma vez que prevalece o clima de insatisfação devido às constantes quedas de receita e com o rombo de 1,2 bilhões de reais, provocados por fraudes contábeis na subsidiária brasileira.
Argumenta-se que uma fusão entre Carrefour e Walmart, aliada ao fato de que o Casino será o maior acionista do Pão de Açúcar a partir de 2012, levaria a uma preocupante e nociva desnacionalização do varejo brasileiro. Mas, para o professor da FGV-Eaesp, Jacques Gelman, não há, por enquanto, motivos para temer: “Não importa o país de origem do dono, e sim os preços. Em tese, quanto maior o supermercado, maior potencial de barganha com fornecedores e maior a chance de os preços baixarem. É isso que devemos ficar atentos”.
Fonte: Veja
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