Guerra Cambial
As “armas cambiais” foram acionadas em 2010. De um lado, viu-se as ações dos EUA para aumentar a liquidez. De outro, a política cambial chinesa de manter artificialmente desvalorizada a sua moeda. Diante dessa “guerra”, causada pela perda do valor do dólar, muitos países adotaram medidas de proteção para conter a desvalorização da moeda norte-americana em relação às suas divisas, pois prejudica principalmente as nações exportadoras e, dependendo, a indústria local em razão da queda dos preços dos produtos estrangeiros, incentivando as importações.
E isso, preocupou os governos do globo, pois pode fazer com que os países partam para políticas comerciais mais protecionistas, o que seria bastante negativo para a recuperação da economia mundial, sobretudo em função do baixo crescimento dos países desenvolvidos.
O Governo brasileiro, por exemplo, aumentou a alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para várias aplicações financeiras feitas pelos investidores. Tentou-se um “acordo de paz” em nível mundial para conter a queda do dólar, a “arena” foi Seul, na reunião do G-20, na segunda semana de novembro. O “acordo” buscava medidas coordenadas entre os países para não estender a “guerra cambial”, que foi posta em função das ações dos EUA e da China. Nada de concreto foi decidido. Infelizmente, a guerra continua!
Consumo: os brasileiros foram às compras em 2010
As palavras crise ou recuperação lenta, que seguiram presentes nos países desenvolvidos, sobretudo, nos Estados Unidos e na Europa, estiveram longe do bolso do consumidor brasileiro em 2010. Conforme os indicadores divulgados pelo IBGE a respeito do PIB, viu-se que o consumo das famílias no Brasil acumula alta de 6,9% até setembro desse ano em relação ao mesmo período do ano passado.
O consumo foi forte no Brasil em função dos seguintes fatores: (i) mercado de trabalho robusto (aumento do emprego e elevação da renda acima da inflação; (ii) maior facilidade de crédito, processo que está sendo chamado de bancarização dos brasileiros; e (iii) elevação da confiança em relação a situação atual e futura. Esses fatores tiveram forte influência no resultado das empresas favorecidas pelo consumo, fazendo com que as ações de empresas do segmento negociadas na BMF&Bovespa fossem destaque de valorização em 2010. O preço ações, até o último dia 29 de dezembro/10, da Ambev (AMBV4) tiveram valorização de 49,3%, das Lojas Renner (LREN3) 43,9% e da Natura (NATU3) 36,7%.
Oferta Petrobras
Em setembro, ocorreu a oferta pública da Petrobras, que arrecadou R$ 120 bilhões com a emissão de mais de 4 bilhões de ações. A empresa realizou a maior operação de aumento de capital na história mundial, tornando-se a quarta maior do mundo em valor de mercado: passou a valer US$ 217 bilhões, mais que gigantes como Microsoft e Wal-Mart. O processo foi realizado com vistas a garantir o plano de investimentos da companhia, de US$ 220 bilhões para o período entre 2010 e 2014. O preço do barril de petróleo definido pelo Governo Federal em US$ 8,51 na cessão onerosa, entretanto, pesou significativamente sobre os papéis da companhia, que caíram muito, espantando os investidores. Aos poucos, as cotações foram voltando aos patamares antigos.
PanAmericano
Em novembro, uma série de erros contábeis foram descobertos pelo Banco Central nos balanços do Banco PanAmericano. Há alguns anos, a companhia vinha vendendo carteiras de crédito a fundos e instituições, sem a devida baixa desses créditos no ativo, inflando os resultados contábeis. Para resolver o problema, Silvio Santos precisou tomar empréstimo junto ao FGC (Fundo Garantidor de Créditos) no valor de R$ 2,5 bilhões, colocando como garantia bens do próprio patrimônio, como ativos da Jequiti, o hotel Jequitimar, o próprio PanAmericano e até mesmo o SBT. O escândalo do rombo nas contas derrubou as ações do banco, que chegaram a cair 29,5% num único dia. O desempenho dos papéis segue fraco.
Em novembro, uma série de erros contábeis foram descobertos pelo Banco Central nos balanços do Banco PanAmericano. Há alguns anos, a companhia vinha vendendo carteiras de crédito a fundos e instituições, sem a devida baixa desses créditos no ativo, inflando os resultados contábeis. Para resolver o problema, Silvio Santos precisou tomar empréstimo junto ao FGC (Fundo Garantidor de Créditos) no valor de R$ 2,5 bilhões, colocando como garantia bens do próprio patrimônio, como ativos da Jequiti, o hotel Jequitimar, o próprio PanAmericano e até mesmo o SBT. O escândalo do rombo nas contas derrubou as ações do banco, que chegaram a cair 29,5% num único dia. O desempenho dos papéis segue fraco.
Por Denilson Alencastro, economista-chefe da Geral Investimentos.
Colaborou com essa matéria Bruno Fernandes, assistente de análise da Geral Investimentos.
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