sexta-feira, 3 de junho de 2011

Você já pagou todos os seus impostos?

  Para grande parte dos trabalhadores o ano começou nesta segunda-feira. Isso porque durante 150 dias, as horas trabalhadas serviram apenas para pagar os impostos embutidos nos preços de produtos e serviços. Mas a história não termina por aí. Se considerarmos ainda os gastos que antes eram compromisso do serviço público, como saúde, educação, segurança, previdência social, entre outros, esse prazo se estende até setembro.

  Para o economista Cristiano Monteiro, professor coordenador do curso de Economia da UniAnchieta, durante esse 150 dias, toda a renda dos trabalhadores fica comprometida com o pagamento dos tributos. “Os altos impostos cobrados das empresas é repassado para o consumidor e a família assalariada é a que mais sofre”, explica.

  A arrecadação tributária representa 40% do PIB (Produto Interno Bruto) e vem crescendo. Em abril, bateu recorde, ficando 19,05% maior do que o do mês de março e 10,34% maior do que abril de 2010. No entanto, as despesas voltadas para serviços primordiais, como saúde e educação, não mudaram. “Daí surge a pergunta: para onde vai o dinheiro?”, questiona o economista. São duas as explicações apontadas por ele. A primeira a de corrupção. E a segunda para o pagamento da dívida pública interna do país, que em 1994 somava cerca de R$ 60 bilhões e hoje passa de R$ 1,7 trilhão.

  Todos os cidadãos, segundo ele, não se importariam de pagar os tributos desde que tivessem retorno com uma educação e saúde de qualidade. Porém, o grande problema no Brasil, diz Monteiro, é a política tributária não progressiva, ou seja, quem ganha mais paga menos e quem ganha menos paga mais.

  O vendedor Renato Aparecido Teodoro, 39 anos, é casado e tem uma filha de 12 anos. Há 15 anos ele atua no comércio e é um exemplo de quem trabalha e vê o dinheiro ser diluído em impostos. Os R$ 1,5 mil que ganha no mês, em média, segundo ele, garantem o pagamento de contas, como água, energia, financiamento do carro etc. “Mas o salário poderia render muito mais se não fossem tantos impostos embutidos no preço de produtos e serviços”, diz.

  Utilizando o cálculo do IBPT - Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário - Renato paga todos os meses R$ 473 em impostos, ou seja, 31,53% do salário em tudo o que paga ou consome. Somente sobre o salário, o valor do imposto é de R$ 149,85.

  O fato de não pagar por serviço de saúde e educação para a filha, que estuda em escola pública e usa a UBS, ameniza um pouco a situação.“Caso contrário, não ia dar”, reconhece.

  Para o professor, a única saída é promover uma reforma tributária no país.


2 comentários:

  1. Aqui no Paraná a Federação das Industrias acabou de lançar a segunda edição de uma cartilha que fala justamente sobre isso. É mt triste pagar tantos impostos sem ter serviços a altura. para quem quiser conferir a cartilha segue o link http://www.fiepr.org.br/sombradoimposto/Research14465content115993.shtml

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