Na última edição da Revista Tempo de Agir (SEBRAE RS | Ano 2 | nº 6 | Dezembro de 2010), encontramos uma reportagem bastante interessante sobre neurobiologia. Mas fiquem tranquilas, apesar de parecer complexo, o termo refere-se à análise das diferenças entre homens e mulheres em situações de comando. E convenhamos, somos mesmo, muito diferente deles!
Pela primeira vez em sua história, o Brasil tem na presidência uma mulher eleita para o cargo. Logo depois de encerrada a contagem de votos no segundo turno da eleição, no dia 31 de outubro de 2010, Dilma Rousseff fez um discurso onde prometeu ouvir, dialogar e cobrar resultados. “Vou dar continuidade ao governo Lula, mas com olhos e coração de mulher”, declarou, dando a entender que homens e mulheres se comportam de forma diferente quando estão no comando. Por que e como?
A neurobióloga Louann Brizendine, autora do livro The Female Brain (O Cérebro Feminino), da Escola de Medicina de Harvard, afirma que em função da sua estrutura cerebral, as mulheres pensam de forma mais flexível. Para as mesmas funções cognitivas, elas usam espaços cerebrais diferentes daqueles que os homens usam. O centro da linguagem e da audição envolve nelas 11% mais neurônios do que neles. O hipocampo, no qual sensações e lembranças têm seu nicho, é mais bem-acabado. Em conseqüência, as mulheres, em regra, são melhores do que os homens na expressão de sentimentos e para se lembrarem de experiências emocionais de qualquer tipo.
Nos homens, a amígdala que é centro da atividade, da agressividade e da sexualidade ocupa um espaço maior. Preferem o “eu” ao “nós”, como decorrência do processo de evolução, garante a neurobióloga. Ela acrescenta que “heranças biológicas definem realmente a base de nossa personalidade e nossas tendências no relacionamento”, pois, embora o cérebro seja uma máquina que aprende e nada seja definitivo nele, diferenças arcaicas entre homens e mulheres se mantêm teimosamente. “A isso pertence, no lado feminino, uma impressionante flexibilidade na linguagem, a capacidade para amizades profundas, uma quase sobrenatural capacidade para ler expressões faciais de sentimentos, estados de espírito e tons de voz. Além disso, a capacidade para amenizar conflitos. Tudo isso está fortemente programado no cérebro feminino. Concretamente, significa que a parte do cérebro chamada Cortex Cingularis Anterior é maior nas mulheres do que nos homens, o que a leva a ser mais compassiva e a uma tendência a dar um peso menor ao poder”.
Outra diferença é que os homens costumam ser mais inflexíveis em seus julgamentos e decisões. Isso ocorre, segundo Brizendine, porque o setor que comanda os sentimentos – córtex pré-frontal - amadurece cerca de dois anos mais cedo nas meninas do que nos meninos e é maior nas mulheres do que nos homens. A ínsula, centro que trabalha as emoções, também é maior e mais ativa no cérebro feminino. Da mesma forma o hipocampo, que não deixa a mulher esquecer o que o homem já esqueceu há muito tempo: encontros, conquistas, brigas, harmonia no emprego e na vida particular.
Até que ponto essas características ajudam ou atrapalham a mulher quando ela está em situação de comando? Estudos citados por Brizendine demonstraram que nas empresas onde se admite a participação feminina em maior número nos postos mais altos, os resultados são melhores do que naquelas onde somente os homens mandam. A explicação: enquanto eles pensam no trabalho primeiramente como uma guerra, elas colocam em prática o que aprenderam sobre a importância do improviso e da organização com seus filhos e com outros familiares na rotina diária. Em geral, têm maior competência para resolver problemas e menos pressa e sede para chegar ao poder. A abertura para ouvir os outros lhes torna mais fácil o relacionamento com os colegas. Não fogem com o olhar. Olham diretamente e com mais curiosidade para os rostos das outras pessoas. Eles, pelo contrário, usam o olhar oblíquo, para demonstrar força.
Fonte: Revista Tempo de Agir
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