sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Elas no exercício do poder

  Na última edição da Revista Tempo de Agir (SEBRAE RS | Ano 2 | nº 6 | Dezembro de 2010), encontramos  uma reportagem bastante interessante sobre neurobiologia. Mas fiquem tranquilas, apesar de parecer complexo, o termo refere-se à análise das diferenças entre homens e mulheres em situações de comando. E convenhamos, somos mesmo, muito diferente deles!

  Pela primeira vez em sua história, o Brasil  tem na presidência  uma  mulher eleita para o cargo. Logo depois de encerrada a contagem de votos no segundo turno da eleição, no dia 31 de outubro de 2010, Dilma Rousseff  fez um discurso onde prometeu ouvir, dialogar e cobrar resultados.  “Vou  dar  continuidade ao governo Lula, mas  com  olhos  e  coração de mulher”, declarou, dando a entender que homens e mulheres se comportam de forma diferente quando  estão  no  comando. Por que e como?

  A neurobióloga Louann Brizendine, autora do livro The Female Brain (O Cérebro Feminino), da Escola de Medicina de Harvard,  afirma que em função da sua estrutura cerebral, as mulheres pensam de forma mais flexível. Para  as mesmas  funções  cognitivas,  elas usam  espaços cerebrais diferentes daqueles  que  os  homens  usam. O  centro  da  linguagem  e  da audição  envolve  nelas  11% mais neurônios do que neles. O hipocampo, no qual sensações e lembranças têm seu nicho, é mais bem-acabado. Em conseqüência, as mulheres, em regra, são melhores do que os homens na expressão de sentimentos e para se lembrarem de experiências emocionais de qualquer tipo.  

  Nos homens, a amígdala que é centro da atividade, da agressividade  e  da  sexualidade  ocupa  um  espaço maior. Preferem  o  “eu”  ao  “nós”,  como  decorrência  do processo de evolução, garante a neurobióloga. Ela acrescenta  que  “heranças  biológicas  definem  realmente  a  base  de  nossa  personalidade  e  nossas  tendências no relacionamento”,  pois, embora o cérebro seja uma máquina que aprende e nada seja definitivo nele,  diferenças  arcaicas  entre  homens  e  mulheres se mantêm teimosamente. “A  isso pertence, no  lado feminino,  uma  impressionante  flexibilidade  na  linguagem, a capacidade para amizades profundas, uma quase  sobrenatural  capacidade  para  ler  expressões faciais de sentimentos, estados de espírito e tons de voz. Além disso, a capacidade para amenizar conflitos. Tudo isso está fortemente programado no cérebro  feminino. Concretamente,  significa  que  a  parte do cérebro chamada Cortex Cingularis Anterior é maior nas mulheres do que nos homens, o que a leva a ser mais  compassiva  e  a uma  tendência  a dar um peso menor ao poder”.

  Outra diferença é que os homens costumam ser mais inflexíveis em seus julgamentos e decisões. Isso ocorre, segundo Brizendine, porque o setor que comanda os sentimentos – córtex pré-frontal - amadurece  cerca de dois  anos mais  cedo nas meninas do que nos meninos e é maior nas mulheres do que nos homens. A  ínsula,  centro  que  trabalha  as  emoções,  também  é maior  e mais  ativa no cérebro feminino. Da mesma  forma  o  hipocampo,  que não deixa a mulher esquecer o que o homem  já esqueceu há muito tempo: encontros, conquistas, brigas, harmonia no emprego e na vida particular.
  
  Até  que  ponto  essas  características ajudam ou atrapalham a mulher quando  ela  está  em situação  de  comando?  Estudos citados por Brizendine demonstraram que nas empresas onde se admite a participação feminina  em  maior  número nos  postos mais  altos,  os  resultados são melhores do que naquelas onde somente os homens mandam. A explicação: enquanto eles pensam no trabalho primeiramente como uma guerra, elas colocam em prática o que aprenderam sobre a  importância  do  improviso  e  da  organização  com seus filhos e com outros  familiares na  rotina diária. Em geral, têm maior competência para resolver problemas e menos pressa e sede para chegar ao poder. A abertura para ouvir os outros lhes torna mais fácil o relacionamento com os colegas. Não  fogem com o olhar. Olham diretamente e com mais curiosidade para os rostos das outras pessoas. Eles, pelo contrário, usam o olhar oblíquo, para demonstrar força.


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