terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Investidoras abandonam o modelo conservador

  Na ultima edição da revista ISTO É DINHEIRO (edição 695) foi veiculada uma matéria bastante interessante sobre o perfil da mulher investidora. O titulo é “Elas estão bem mais ousadas”. A geral investimentos foi um das fontes consultadas: Apesar de estarem mais propensas a correr riscos, elas mantêm uma das principais vantagens em relação a eles: uma atuação sistemática na hora de tomar decisões. “Elas investem com critério, ao passo que os homens são guiados pelas promessas de rentabilidade no curto prazo”, diz Júlio Matos, executivo da corretora gaúcha Geral Investimentos responsável pela área de relacionamento com clientes.

  Confira a matéria na íntegra aqui no blog:

 
 Investidoras abandonam o modelo conservador e passam a arriscar na bolsa
 Por Jaqueline Mendes

  A participação das mulheres na bolsa de valores vem crescendo aceleradamente nos últimos anos. Entre 2002 e 2010, o número de investidoras no pregão multiplicou por dez, subindo de 15 mil para mais de 150 mil. 

  O conhecimento tornou-as mais ousadas. Longe do modelito bem-comportado de querer apenas proteger seu capital, elas agora saem à caça de ganhos. Para isso, elas encurtam os prazos, aprofundam os riscos e abusam da volatilidade. 

"Quem não está preparado para perder nunca vai ganhar muito"
Eliane Tokunaga, advogada e investidora

  “As mulheres querem ganhar tanto quanto os homens ao investir, e não se importam de arriscar mais para conseguir isso”, diz a consultora financeira carioca Sandra Blanco, autora de uma pesquisa sobre o tema. 

  Ao entrevistar mil mulheres que consultam o portal de investimentos Mulherinvest, ela descobriu que 68% delas compram ações. E também foi possível notar uma mudança de comportamento. “Elas estão mais dispostas a sofrer perdas e a escolher ações mais arriscadas”, diz Sandra. 
  Um bom exemplo é o da estilista e decoradora Danielle Joory. Empresária da moda desde 2009, ela sempre se interessou tanto pelas tendências da alta-costura quanto pelos movimentos das finanças. 

  A forte queda das ações com a crise de 2008 levou Danielle às compras. “A bolsa estava em baixa e achei que era um bom momento para começar a formar uma carteira”, diz ela, que vem dedicando parcelas cada vez maiores de seu patrimônio à renda variável e, nos últimos tempos, começou a comprar e a vender ativamente. “Eu investia em ações para mantê-las, mas agora compro e vendo cinco dias depois, no máximo.” Segundo ela, em dois anos sua carteira rendeu 80%.

  É bom negócio? Correr mais riscos permite ganhar mais, desde que a investidora saiba as melhores combinações para não cometer nenhuma gafe no pregão, diz José Alberto Netto Filho, professor de educação financeira da BM&FBovespa. 
Mônica Eyer: "Sou bem arrojada, invisto em ações e opções"

  “É essencial estudar bastante antes de começar.” Elas estão seguindo esse conselho à risca e vêm se dedicando aos estudos com o afã de quem busca o caimento perfeito. “As mulheres que frequentam os cursos da bolsa são mais interessadas e participantes do que os homens. Elas se preparam melhor antes de assumir riscos”, diz Netto.

  Esse foi o modelo seguido pela advogada Eliane Fujikawa Tokunaga, que deixou a profissão para viver apenas das ações. Motivada pelo marido, ela começou a se aventurar no mercado em 2006, estimulada pela febre de abertura de capital das empresas, os Initial Public Offerings (IPO). 

  Em 2008, depois de dois anos de estudo, ela percebeu que poderia ganhar mais se ousasse na produção. “Eu me inspirei na trajetória de profissionais bem-sucedidos no mercado, especialmente americanos”, diz. Eliane costuma seguir as tendências do mercado. 

  Se o movimento da bolsa é de alta, ela monta posições compradas, que dão lucro quando as ações sobem. Se a tendência é de queda, sua alternativa é apostar na baixa com operações de aluguel de ações e posições que combinam ações e opções. 

  “Eu alugo as ações, vendo quando acho que o mercado vai cair e compro mais barato para entregar ao dono dos papéis”, diz ela. Essa conjugação entre aluguel e venda é bem mais arriscada do que o modelo tradicional, mas ela não se incomoda com isso. 

  “Quem não está preparado para perder nunca vai ganhar muito dinheiro”, diz. Uma pesquisa realizada pela bolsa em agosto passado mostra que ela faz parte de um grupo de investidores que se caracteriza pela alta frequência das transações. Eles são minoria – cerca de 4% dos acionistas – e a participação das mulheres, que era praticamente nula há três anos, avançou para cerca de 16,6%.

  Apesar de estarem mais propensas a correr riscos, elas mantêm uma das principais vantagens em relação a eles: uma atuação sistemática na hora de tomar decisões. “Elas investem com critério, ao passo que os homens são guiados pelas promessas de rentabilidade no curto prazo”, diz Júlio Matos, executivo da corretora gaúcha Geral Investimentos responsável pela área de relacionamento com clientes. 

  “As mulheres são detalhistas e aprendem melhor com os erros.” É o caso da advogada carioca Mônica Eyer. Na década de 80, ela perdeu 
US$ 10 mil especulando com ações na bolsa do Rio. “Eu perdi dinheiro à beça e isso despertou em mim a vontade de estudar para investir e ganhar”, diz ela. 

  Em 2000, Mônica voltaria à bolsa por meio de um sossegado fundo de ações, depois passou aos papéis com a ajuda de uma corretora e há sete anos começou a cuidar sozinha de sua carteira, investindo tanto em ações quanto em opções. “Sou bem arrojada”, diz ela. “Aprendi a operar e hoje sei o que faço.”

  Os profissionais do mercado avaliam que esse movimento vai continuar e, em breve, não será possível distinguir eles e elas, pelo menos por seu comportamento no pregão. “A aplicação preferida das mulheres era a caderneta de poupança, mas agora elas não se intimidam mais com as ações”, diz Alexandra Almawi, economista da corretora Lerosa Investimentos. 

  Na Título, 30% das investidoras são consideradas arrojadas e esse percentual só tende a aumentar, afirma Mirian Macari, gerente da plataforma de negociação de ações pela internet. “O perfil da mulher como investidora vai se aproximar do perfil dela no mercado de trabalho, disputando espaço com os homens em pé de igualdade.”

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