A economista Maria Helena Santana, formada pela FEA-USP, é desde julho de 2007, a primeira mulher a presidir a CVM(Comissão de Valores Mobiliários), órgão fiscalizador e regulador do mercado de capitais no Brasil. Indicada pelo ministro da Fazenda Guido Mantega, com a Bovespa batendo um recorde atrás do outro. Acompanhou o boom de IPOs no Brasil e depois a crise financeira internacional. A atual “xerife”do mercado fez carreira na Bolsa de Valores de São Paulo, onde trabalhou por 12 anos, em 2006 saiu para assumir a diretoria da CVM e no ano seguinte a presidência.
"Maria Helena é vista pelo mercado como alguém que vai fazer o que precisa ser feito, sem ceder a pressões ou ter medo de desagradar. Isso é que faz uma CVM forte. Não quer dizer que ela acerte sempre, mas, para o mercado, é melhor ter uma CVM vigilante do que frouxa, e a Maria Helena é tudo, menos frouxa", diz o advogado Marcelo Trindade, com a autoridade de quem a precedeu no cargo e a teve por um ano como diretora.
Séria, dedicada e aberta a ouvir são características citadas mesmo por seus críticos. Mas nem tudo é elogio. A disposição da "xerife" para enfrentar assuntos polêmicos e a firmeza de suas opiniões em questões que dividem o mercado também abrem um flanco de críticas às posições da CVM sob sua gestão.
Um exemplo é a exigência de divulgação dos salários médios dos administradores de empresas - medida defendida pela autarquia como uma forma de transparência para o investidor, mas que gerou fúria entre executivos que se viram forçados a expor um dado que consideram de caráter privado, num embate que foi parar na Justiça e está até agora sem solução. "Revelar as somas chega a botar em risco a segurança dos executivos", defende o presidente da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca), Antonio Castro.
A experiência num setor que mexe com somas vultosas não se traduz em benefício financeiro próprio. Herdeira de uma família de portugueses do ramo de supermercados e com um passado de atuação no grupo de esquerda MR-8 nos tempos estudantis, Maria Helena recebe menos de R$ 13 mil mensais para entrar cedo e sair tarde, se dividindo há quatro anos entre a CVM no Rio e o marido e os dois filhos em São Paulo.
Desde que sentou na cadeira, o número de investidores pessoas físicas no mercado mais que dobrou, a Bovespa se recuperou da crise e o País inaugura oficialmente este ano um padrão de contabilidade internacional, o IFRS. Sua gestão também trouxe mais agilidade às ofertas públicas, conquistou mais verbas para a autarquia e 150 novas vagas num concurso recente.
“O Novo Mercado já é um sucesso comprovado. Hoje o número de participantes já chega a 86, o que comprova que as premissas do segmento foram atendidas. A proposta era justamente criar um ambiente melhor e mais transparente para investidor e emissor. As empresas que aderiram ao Novo Mercado já perceberam que os investidores estão dispostos a pagar mais por papéis de companhias comprometidas com os níveis de transparência e equidade exigidas pelo segmento”, afirma Maria Helena Santana em uma entrevista para o site “Como investir”.
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